Cacau ancestral
“Nem os garotos tocavam nos frutos do cacau. Temiam aquele coco amarelo, de caroços doces, que os trazia presos àquela vida de carne-seca e jaca. O cacau era o grande Senhor a quem até o coronel temia”. Jorge Amado, do livro Cacau de 1933
Theobroma cacao, seu nome científico quer dizer fruto dos deuses, nome dado ao cacau pelo botânico sueco Carolus Linnaeus no século 18. Milhares de anos antes de receber esse nome, esse fruto já era consumido de forma ritualística na América Central. Mas, estudos também revelam que a origem desse fruto sagrado é na Amazônia e Artefatos de cerâmica encontrados no Equador também evidenciam que o cacau já era consumido por lá há 5.450 anos atrás.
Diversas lendas permeiam sua origem e história na América Central, algumas mitologias dizem que esse fruto foi trazido por um Deus de outro planeta, o Quetzalcoatl, a serpente emplumada. Que trouxe amor e sabedoria em um tempo que a Terra passava por violência e turbulência.
A palavra xocoatl vem dos Astecas, xoco -atl que quer dizer água amarga, feita das sementes torradas, água e especiarias, era uma bebida que dava força aos guerreiros. Os Mayas continuaram tomando essa bebida em um contexto cerimonialista, aonde estavam a nobreza e os sacerdotes.
O cacau já foi até moeda por seu grande valor ,assim eram pagos os impostos ao imperador Montezuma, sistema que durou do século 16 ao 18.
Quando os europeus chegaram ao novo continente, se encantaram com o cacau, a tropa de Cristóvão Colombo teve seu primeiro contato com o cacau na ilha de Guanaja em Honduras. Tempos depois foi Hernan Cortez, quem levou o cacau a Europa, mudando radicalmente a história do fruto sagrado.
Felizmente ,hoje em dia na era de Aquário, esse cacau está disponível a todos aqueles que desejam experimentar. Essa receita é a mesma usada nas cerimônias de cacau que estão de volta hoje em dia e a única coisa essencial é que o cacau seja integral, contendo sua manteiga original e suas propriedades.
A História se repete e já dizia a profecia da deusa Maya Ix Cacao que o cacau sai da floresta quando o ser humano precisa urgente dessa reconexão com a natureza. Estamos vivendo agora essa expansão do cacau, muitas pessoas sentindo esse chamado para despertar seu coração. Alguns ainda que se sintam intrigados questionam com bastante curiosidade.
O que faz desse evento um cerimonial, é o ato de parar um momento para ritualizar as ações. Uma respiração profunda, alguns olhares para dentro, uma reconexão com a sua essência e em alguns casos uma conexão profunda com o outro. Aqui não estamos querendo converter ninguém a outra religião e sim apenas trazer uma experiência sensorial e de expansão através da sua expressão.
Beatrix Cacau